quinta-feira, 8 de abril de 2010

Um pouco de cachaça

Uma postagem nossa de agosto de 2009, em que divulgamos a classificação da Revista Playboy das melhores cachaças do Brasil anda causando uma pequena polêmica.

Algumas pessoas não sabem, mas várias marcas de cachaça não são fabricadas pela empresa que comercializa e sim estandardizadas; ou seja, a cachaça é comprada a granel de um ou mais alambique e homogeneizada (aroma, sabor, graduação alcoólica, etc), engarrafada e comercializada com a tal marca. É uma pratica comum entre os grandes fabricantes, mas pouco usual entre as cachaças artesanais.

Como a postagem era muito antiga, resolvi atualizar e trazer a discussão para todos: um leitor desse blog questionou se a Cachaça SANTO GRAU (que ainda não tive o prazer de provar) é estandardizada ou não. O consumidor deve sempre ser informado sobre esses detalhes.


O Carlos questiona a confiabilidade da Santo Grau. Porém, pelo que eu andei pesquisando, ela é produzida por alambiqueiros de respeito e renome. Portanto, ela é um produto de qualidade comprovada. Por sinal, está bem estampado no rótulo o nome do produtor, o local e a data da safra, o que garantem a transparência que muitas cachaças não possuem.

Agora, o maior atestado de qualidade vem da sua degustação. A Santo Grau é cheirosa e deliciosa. 15º pelo ranking da playboy é pouco para ela, que é muito melhor do que outroas com posições "melhores". Porém, como já coloquei anteriormente, ela está muito bem situada, e isolada, num ranking que lhe é estranho, já que só premia cachaças envelhecidas.

Agradeço ao Duique Munhoz por ter me apresentado essa cachaça maravilhosa.

7 de abril de 2010 22:53

Carlos Jahara disse...
Sem querer polemizar, apenas para esclarecer.
Você diz que andou pesquisando e que ela é produzida por alambiqueiros de respeito e renome e portanto é um produto de qualidade comprovada.
Onde você pesquisou? POde me passar essas referências.
Porque o Duique não respodeu aos meus questinamentos?
ADORO CACHAÇA quero aprender mais para poder saborear o que há de melhor no mercado Barsileiro!
Abraços e bom trago!

8 de abril de 2010 12:34

Frederico disse...
Claro que eu posso lhe dar minhas referências. Eu inclusive, quis provar a cachaça antes de postar qualquer coisa, sobretudo para não cometer nenhuma injustiça.

Bem, a Santo Grau de Coronel Xavier é produzida por Rubens Resende Chaves que é, inclusive, descendente de Tirandentes. Ele é produtor da cachaça século XVIII e o seu alambique, segundo o documentário "Rubens Resende Chaves por João Ramalho" (trabalho de conclusão de curso sobre a história da cachaça, disponível no youtube) é o mais antigo em atividade no país. Ele revela todos os segredos da cachaça nesse vídeo em que vemos seu notório saber e sua experiência de vida. Também tem o site da cachaça século XVIII, que vale a pena ser consultado: http://www.cachacaseculoxviii.com.br/

A cachaça de Paraty é produzida por Luiz Maurício Mello, irmão de Eduardo Mello que é produtor da Vamos Nessa, considerada uma das melhores cachaças do Brasil. Ele, por sinal, é considerado o segundo melhor alambiqueiro em atividade do país (o primeiro é o seu irmão, Eduardo Mello). Eu nunca tomei a Vamos Nessa, porque é difícil encontrá-la em São Paulo, mas já tomei a coqueiro e a corisco, ambas de Paraty. A Santo Grau de Paraty, na minha opinião, se mostra uma autêntica representante da cidade, sobretudo pelo sabor acentuado de cana que prevalece e pelo elevado teor alcoólico.

Inclusive, em seu Ranking da cachaça disponível no livro "Cachaça: prazer brasileiro", Marcelo Câmara aponta a Vamos Nessa como a sua segunda cachaça favorita.

Inclusive, tais alambiqueiros, não colocariam seus nomes e o de seus engenhos num produto duvidoso, já que isso colocaria em risco a confiabilidade de suas próprias marcas.

Infelizmente, falta bibliografia sobre o assunto. Eu pesquisei em muitos sites. Foi difícil. A partir dos dados fornecidos no site da Santo Grau, fui buscando informações em outros sites e ligando os pontos. Por exemplo: pela informação de que o engenho se localizava numa fazenda de Amyr Klink, eu fui buscando e descobri que estavam se referindo à fazenda Boa Vista, onde era produzida a cachaça "Quero essa" e hoje é produzida a cachaça Coqueiro, de Eduardo Mello, daí, eu fui pelo parentesco e descobri que os produtores da Coqueiro e da Vamos Nessa são irmãos e que este último também é o produtor da cachaça que leva a marca Santo Grau.

Esse site possui algumas informações: http://masao.wordpress.com/o-mundo-de-maria-izabel/sobre-a-pinga-de-paraty/

Agradeço a você, Carlos Jahara, pela cordialidade. Se você não tivesse feito aquele questionamento inicial, eu não teria tido a curiosidade de pesquisar. Se você encontrar alguma informação adicional, eu ficaria bastante agradecido.

Na dúvida, não deixe de prová-la. Eu, que tenho preferência por cachaças "novas" achei essa fabulosa. Responde, na minha opinião, todos os pré-requisitos sensoriais que uma cachaça de qualidade deve ter.

Veja as referências que eu postei e me diga o que acha. Eu, particularmente, tive um pouco de trabalho, mas valeu a pena.

Inclusive, eu entrei várias vezes nesse blog aguardando alguma resposta que pudesse facilitar a minha vida. Fazer o que, tive trabalho, mas aprendi muitas coisas novas.

Abraço e retribuo o bom trago.

8 de abril de 2010 15:30


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