Convocação da Delegacia do Sintuperj: Assembléia dos técnicos na próxima segunda-feira, às 14h no auditório2 do P5. A pauta ainda não foi divulgada.
7 comentários:
Elisael Pereira Barros
disse...
Gostaria de postar um texto sobre a representação funcinal na UENF. é um pouco longo. Vou dividir em tres partes. Se for possível publicar inteiro, seria melhor.
Representação dos servidores da UENF – uma reflexão – 26/11/2010 Prezados companheiros de trabalho
PRIMEIRA PARTE
A Associação dos Servidores da Universidade Estadual do Norte Fluminense, cujo nome de fantasia, aprovado em assembléia, denominou-se ASSUENF, fundada no ano de 1994, quando a UENF dava seus primeiros passos, vem cumprindo o seu papel, ainda que modestamente, na defesa de parte dos interesses dos seus associados. Naquela época, a então ASFENORTE, nome ainda mantido como razão social, englobava todos os servidores da UENF, docentes, técnicos e administrativos. Numa união de forças, vindas de todos os segmentos e da administração, convergidas no interesse coletivo, contribuiu imensamente no processo de institucionalização da UENF, defendendo ardorosamente os interesses de toda a comunidade da UENF e da FENORTE, que era a instituição mantenedora à época. O salário inicial de um técnico de nível médio, em 1994, era de R$695,87 (seiscentos e noventa e cinco reais e oitenta e sete centavos) o que representava pouco mais que a soma de 10 (dez salários mínimos), cujo valor à época era de R$64,79 (sessenta e quatro reais e setenta e nove centavos), o que comprova a grande perda salarial acumulada ao longo dos anos, para todas as categorias. Posteriormente, a ASFENORTE deu apoio à implantação do SINTUPERJ na UENF, cedendo metade da sala que ocupava no prédio da Reitoria para que o mesmo pudesse se instalar e passar, também, a representar os interesses da comunidade uenfiana, com ênfase nas campanhas salariais. Na época, chegou-se a propor a extinção da ASFENORTE, para que o SINTUPERJ assumisse toda a representação dos servidores da UENF. Este fato não ocorreu, uma vez que houve interesse dos associados em manter o Plano de Saúde Unimed, considerando que o contrato era antigo e os preços bem menores que os de mercado. Houve também a desfiliação dos servidores docentes, da ASFENORTE, com a criação da ADUENF. Parte dos servidores se filiou ao SINTUPERJ, outra parte se manteve filiada à ASFENORTE e SINTUPERJ.
Recentemente fui procurado por colegas de trabalho que me fizeram propostas como transformar a ASSUENF em sindicato, outros mencionaram que a UENF deve estabelecer uma representação única, outros afirmaram não estar satisfeitos com a representação do SINTUPERJ, outros afirmaram que não estão satisfeitos com a atuação da ASSUENF, sugerindo mais politização em suas ações. Com todo respeito aos meus colegas, o que pude perceber, e que considero absolutamente contraproducente, foi um grande pluralismo de interesses, um triste desprezo à hegemonia do pensamento coletivo, que é a base para as grandes conquistas. Nesse sentido, não me parece que o problema da UENF reside no fato de possuir várias instituições representativas, mas lhe falta a maior das ferramentas: o pensamento de todos voltado para o bem comum. Qualquer tentativa de unificação de representação que prescinda do pensamento voltado para a justiça social, certamente não logrará êxito. Poderá apenas obter vitórias parciais. Vejamos o exemplo da luta dos docentes pelo benefício da dedicação exclusiva, que além de justa, é um direito garantido em lei. Ora, se já existe a extratificação salarial na tabela de vencimentos da UENF, (ainda que distribuída de forma injusta, em relação aos percentuais de uma faixa para a outra, principalmente nos casos dos servidores dos níveis elementar a médio) em face da qualificação e do cargo que o servidor ocupa, por que não se buscar mecanismos jurídicos para se estender este benefício aos servidores técnicos e administrativos, de forma optativa ou, como a exemplo da Universidade Estadual de Londrina, onde os técnicos de nível superior recebem o benefício chamado TIDE – tempo integral e dedicação exclusiva, nos casos em que ocupam cargos de diretor ou no licenciamento para capacitação (mestrado ou doutorado)? É pouco, mas já é uma conquista. Como será possível um docente concretizar o seu projeto de pesquisa, isoladamente, sem o trabalho dos auxiliares e técnicos. Se todos são importantes no âmbito global dos projetos desenvolvidos na UENF e já estão extratificados pelos vencimentos, e somente os docentes têm direito ao percentual no salário relativo à dedicação exclusiva, ainda que a lei assim o determine, na prática, nesse diapasão, onde está o fumus boni iuris?
Isso não significa que não devemos dar apoio aos nossos colegas docentes na luta pela obtenção dos benefícios somente porque não iremos receber essa vantagem no momento. O técnico de hoje poderá ser o docente de amanhã. Se pegarmos hoje a tabela salarial em vigor e aplicarmos os 22% concedidos pelo governo a todas as categorias mais os 55% aos docentes, referentes à dedicação exclusiva, o menor salário da UENF será de R$854,00 e o maior será de R$16.966,05. O menor salário representa, apenas, 5,03% do maior. Em conversas com um professor do CCTA, o mesmo me falou da atuação do trabalhador de campo como sendo, muitas vezes, de fundamental importância para o progresso e o desenvolvimento de uma pesquisa. Esse fosso entre a posição de um e de outro estabelece uma relação antípoda no que se refere à posse dos bens materiais. Guardadas as devidas diferenças em face das qualificações exigidas como requisitos para a investidura nos diversos cargos, essa extratificação não sugeriria uma espécie de “canonização” do cargo de docente no seio do mundo acadêmico? Quem conseguiria ter acesso aos seus locais de trabalho se as descargas e as pias dos banheiros ficassem sem água durante uma semana, dentre tantos outros exemplos que poderiam ser citados aqui? Os servidores de nível elementar a médio, principalmente os de nível elementar representariam, o que na sociedade indiana denomina-se “párias”, aqueles que estão relegados à execução das tarefas consideradas desprezíveis, sem direito à educação e tratamento digno? Pelo menos na Índia os párias já fizeram, um dia, parte da classe das castas. E aqui, na UENF, quais são os mecanismos empregados no incentivo a esses servidores na busca por uma qualificação, para lhes permitir mobilidade social?
Aplicando-se os 22% ao salário final dos servidores de nível médio e superior obtém-se, respectivamente, os valores de R$2.832,84 e R$6.707,56, com a diferença de 136,8% entre os cargos. Ora, se essa diferença já foi recentemente discutida no CONSUNI e foi considerada injusta, por que não podermos contar com o apoio dos técnicos de nível superior, dos docentes, da Reitoria e da administração, do DCE, para que possamos melhorar as faixas salariais dos servidores de nível elementar a médio que são, sem sombra de dúvida, os mais prejudicados, uma vez que isso não traria nenhum prejuízo para as outras categorias.
Pessoalmente, me vejo na obrigação de apoiar todas as lutas que venham a trazer benefícios para todas as categorias, indistintamente, estando à frente de uma associação ou não. No ano de 1985 participei da greve histórica dos bancários. Trabalhava no Banco Bamerindus, no Rio de Janeiro. Passamos três dias na rua, em frente às agências. O Brasil inteiro viu os bancos de portas fechadas. Em São Paulo, coração financeiro do país, 30 mil bancários paralisaram suas atividades. Isso só foi possível porque o sindicato e as entidades que apoiaram o movimento, juntamente com os trabalhadores, marchavam numa mesma direção.
Vivemos numa sociedade ainda marcada por profundas desigualdades sociais. Qualquer instituição representativa de servidores da UENF cujas ações não estejam voltadas para os interesses de todas as categorias de servidores, deverá ser banida. Entretanto, antes de qualquer iniciativa que venha unificar ou extinguir essa ou aquela instituição representativa, torna-se imperioso reformar os nossos ideais de justiça, o que certamente nos possibilitará um diálogo mais homogêneo para, a partir de um amadurecimento, tomarmos as decisões mais acertadas, sempre visando o bem comum. Isso já aconteceu aqui na UENF. É preciso vencermos as barreiras da vaidade, do egoísmo, que são as grandes chagas da humanidade. Só assim trilharemos o caminho das grandes conquistas. Termino parodiando o grande poeta Mário Quintana: “Nossa vida é uma colcha de retalhos! Que sejam, pelo menos, da mesma cor.” Abraços, Elisael Pereira Barros Servidor da UENF
Ao Administrador do blog: sugiro um post individual para o assunto muito bem colocado pelo Elisael, para dar maior visibilidade e importância ao tema ventilado.
GOSTARIA DE ESCLARECER QUE APESAR DE LOUVÁVEL A FALA DO COLEGA, OS ASSUNTOS ABORDADOS NÃO FORAM DISCUTIDOS EM ASSEMBLÉIA DA ASSUENF E NEM PODE SER ENCAMINHADA COMO UMA POSIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO.
7 comentários:
Gostaria de postar um texto sobre a representação funcinal na UENF. é um pouco longo. Vou dividir em tres partes. Se for possível publicar inteiro, seria melhor.
abs
Elisael
Representação dos servidores da UENF – uma reflexão – 26/11/2010
Prezados companheiros de trabalho
PRIMEIRA PARTE
A Associação dos Servidores da Universidade Estadual do Norte Fluminense, cujo nome de fantasia, aprovado em assembléia, denominou-se ASSUENF, fundada no ano de 1994, quando a UENF dava seus primeiros passos, vem cumprindo o seu papel, ainda que modestamente, na defesa de parte dos interesses dos seus associados. Naquela época, a então ASFENORTE, nome ainda mantido como razão social, englobava todos os servidores da UENF, docentes, técnicos e administrativos. Numa união de forças, vindas de todos os segmentos e da administração, convergidas no interesse coletivo, contribuiu imensamente no processo de institucionalização da UENF, defendendo ardorosamente os interesses de toda a comunidade da UENF e da FENORTE, que era a instituição mantenedora à época. O salário inicial de um técnico de nível médio, em 1994, era de R$695,87 (seiscentos e noventa e cinco reais e oitenta e sete centavos) o que representava pouco mais que a soma de 10 (dez salários mínimos), cujo valor à época era de R$64,79 (sessenta e quatro reais e setenta e nove centavos), o que comprova a grande perda salarial acumulada ao longo dos anos, para todas as categorias. Posteriormente, a ASFENORTE deu apoio à implantação do SINTUPERJ na UENF, cedendo metade da sala que ocupava no prédio da Reitoria para que o mesmo pudesse se instalar e passar, também, a representar os interesses da comunidade uenfiana, com ênfase nas campanhas salariais. Na época, chegou-se a propor a extinção da ASFENORTE, para que o SINTUPERJ assumisse toda a representação dos servidores da UENF. Este fato não ocorreu, uma vez que houve interesse dos associados em manter o Plano de Saúde Unimed, considerando que o contrato era antigo e os preços bem menores que os de mercado. Houve também a desfiliação dos servidores docentes, da ASFENORTE, com a criação da ADUENF. Parte dos servidores se filiou ao SINTUPERJ, outra parte se manteve filiada à ASFENORTE e SINTUPERJ.
SEGUNDA PARTE
Recentemente fui procurado por colegas de trabalho que me fizeram propostas como transformar a ASSUENF em sindicato, outros mencionaram que a UENF deve estabelecer uma representação única, outros afirmaram não estar satisfeitos com a representação do SINTUPERJ, outros afirmaram que não estão satisfeitos com a atuação da ASSUENF, sugerindo mais politização em suas ações. Com todo respeito aos meus colegas, o que pude perceber, e que considero absolutamente contraproducente, foi um grande pluralismo de interesses, um triste desprezo à hegemonia do pensamento coletivo, que é a base para as grandes conquistas. Nesse sentido, não me parece que o problema da UENF reside no fato de possuir várias instituições representativas, mas lhe falta a maior das ferramentas: o pensamento de todos voltado para o bem comum. Qualquer tentativa de unificação de representação que prescinda do pensamento voltado para a justiça social, certamente não logrará êxito. Poderá apenas obter vitórias parciais. Vejamos o exemplo da luta dos docentes pelo benefício da dedicação exclusiva, que além de justa, é um direito garantido em lei. Ora, se já existe a extratificação salarial na tabela de vencimentos da UENF, (ainda que distribuída de forma injusta, em relação aos percentuais de uma faixa para a outra, principalmente nos casos dos servidores dos níveis elementar a médio) em face da qualificação e do cargo que o servidor ocupa, por que não se buscar mecanismos jurídicos para se estender este benefício aos servidores técnicos e administrativos, de forma optativa ou, como a exemplo da Universidade Estadual de Londrina, onde os técnicos de nível superior recebem o benefício chamado TIDE – tempo integral e dedicação exclusiva, nos casos em que ocupam cargos de diretor ou no licenciamento para capacitação (mestrado ou doutorado)? É pouco, mas já é uma conquista.
Como será possível um docente concretizar o seu projeto de pesquisa, isoladamente, sem o trabalho dos auxiliares e técnicos. Se todos são importantes no âmbito global dos projetos desenvolvidos na UENF e já estão extratificados pelos vencimentos, e somente os docentes têm direito ao percentual no salário relativo à dedicação exclusiva, ainda que a lei assim o determine, na prática, nesse diapasão, onde está o fumus boni iuris?
TERCEIRA PARTE
Isso não significa que não devemos dar apoio aos nossos colegas docentes na luta pela obtenção dos benefícios somente porque não iremos receber essa vantagem no momento. O técnico de hoje poderá ser o docente de amanhã. Se pegarmos hoje a tabela salarial em vigor e aplicarmos os 22% concedidos pelo governo a todas as categorias mais os 55% aos docentes, referentes à dedicação exclusiva, o menor salário da UENF será de R$854,00 e o maior será de R$16.966,05. O menor salário representa, apenas, 5,03% do maior. Em conversas com um professor do CCTA, o mesmo me falou da atuação do trabalhador de campo como sendo, muitas vezes, de fundamental importância para o progresso e o desenvolvimento de uma pesquisa. Esse fosso entre a posição de um e de outro estabelece uma relação antípoda no que se refere à posse dos bens materiais. Guardadas as devidas diferenças em face das qualificações exigidas como requisitos para a investidura nos diversos cargos, essa extratificação não sugeriria uma espécie de “canonização” do cargo de docente no seio do mundo acadêmico?
Quem conseguiria ter acesso aos seus locais de trabalho se as descargas e as pias dos banheiros ficassem sem água durante uma semana, dentre tantos outros exemplos que poderiam ser citados aqui?
Os servidores de nível elementar a médio, principalmente os de nível elementar representariam, o que na sociedade indiana denomina-se “párias”, aqueles que estão relegados à execução das tarefas consideradas desprezíveis, sem direito à educação e tratamento digno? Pelo menos na Índia os párias já fizeram, um dia, parte da classe das castas. E aqui, na UENF, quais são os mecanismos empregados no incentivo a esses servidores na busca por uma qualificação, para lhes permitir mobilidade social?
Aplicando-se os 22% ao salário final dos servidores de nível médio e superior obtém-se, respectivamente, os valores de R$2.832,84 e R$6.707,56, com a diferença de 136,8% entre os cargos. Ora, se essa diferença já foi recentemente discutida no CONSUNI e foi considerada injusta, por que não podermos contar com o apoio dos técnicos de nível superior, dos docentes, da Reitoria e da administração, do DCE, para que possamos melhorar as faixas salariais dos servidores de nível elementar a médio que são, sem sombra de dúvida, os mais prejudicados, uma vez que isso não traria nenhum prejuízo para as outras categorias.
Pessoalmente, me vejo na obrigação de apoiar todas as lutas que venham a trazer benefícios para todas as categorias, indistintamente, estando à frente de uma associação ou não.
No ano de 1985 participei da greve histórica dos bancários. Trabalhava no Banco Bamerindus, no Rio de Janeiro. Passamos três dias na rua, em frente às agências. O Brasil inteiro viu os bancos de portas fechadas. Em São Paulo, coração financeiro do país, 30 mil bancários paralisaram suas atividades. Isso só foi possível porque o sindicato e as entidades que apoiaram o movimento, juntamente com os trabalhadores, marchavam numa mesma direção.
Vivemos numa sociedade ainda marcada por profundas desigualdades sociais. Qualquer instituição representativa de servidores da UENF cujas ações não estejam voltadas para os interesses de todas as categorias de servidores, deverá ser banida. Entretanto, antes de qualquer iniciativa que venha unificar ou extinguir essa ou aquela instituição representativa, torna-se imperioso reformar os nossos ideais de justiça, o que certamente nos possibilitará um diálogo mais homogêneo para, a partir de um amadurecimento, tomarmos as decisões mais acertadas, sempre visando o bem comum. Isso já aconteceu aqui na UENF.
É preciso vencermos as barreiras da vaidade, do egoísmo, que são as grandes chagas da humanidade. Só assim trilharemos o caminho das grandes conquistas.
Termino parodiando o grande poeta Mário Quintana:
“Nossa vida é uma colcha de retalhos! Que sejam, pelo menos, da mesma cor.”
Abraços,
Elisael Pereira Barros
Servidor da UENF
Gostaria de saber se foram recebidas as tres partes da minha solicitação de postagem?
Abs
Elisael
Ao Administrador do blog: sugiro um post individual para o assunto muito bem colocado pelo Elisael, para dar maior visibilidade e importância ao tema ventilado.
GOSTARIA DE ESCLARECER QUE APESAR DE LOUVÁVEL A FALA DO COLEGA, OS ASSUNTOS ABORDADOS NÃO FORAM DISCUTIDOS EM ASSEMBLÉIA DA ASSUENF E NEM PODE SER ENCAMINHADA COMO UMA POSIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO.
SÓ PRA ESCLARECER!
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