Publicada em 10/11/2010 às 10:32
Ali Agca, autor de atentado contra João Paulo II, acusa Vaticano de estar por trás do ataque ao Papa
O Globo
RIO - O turco Mehmet Ali Agca, autor do atentado contra João Paulo II em 13 de maio de 1981, acusou o próprio Vaticano de estar por trás do ataque. Em declarações à TV pública TRT, da Turquia, Ali Agca citou o então secretário de Estado da Santa Sé, o italiano Agostino Casaroli, como o mentor da investida que quase tirou a vida do chefe da Igreja Católica.
- Definitivamente, o governo do Vaticano esteve por trás da tentativa de assassinato. O cardeal Agustino Casaroli, o segundo homem do Vaticano, decidiu aquilo - disse o turco. Casaroli morreu em junho de 1998.
João Paulo II foi ferido com gravidade por três tiros, que atingiram mão, braço e abdome, quando o Pontífice atravessava em veículo aberto a Praça de São Pedro, no Vaticano.
Segundo Ali Agca, Casaroli usou um padre, identificado pelo turco como "Michele" para passar os detalhes do plano contra o Pontífice.
- Fiz ensaios do ataque com o padre Michele e outro agente do Vaticano. Eu me reuni várias vezes com ele e até fomos à Praça de São Pedro para planejar o atentado - afirmou, acrescentando que o atentado não teve qualquer participação da agência americana CIA e da soviética KGB.
"O governo do Vaticano esteve por trás da tentativa de assassinato"
O cardeal Casaroli foi uma das figuras centrais do esforço do Vaticano para defender a Igreja nas nações do bloco soviético, onde a Santa Sé sofria grande pressão.
O terrorista destacou que, quando se encontrou na prisão com João Paulo II, em dezembro de 1983, o Papa não lhe fez qualquer pergunta sobre o atentado, porque, segundo Ali Agca, o chefe da Igreja Católica "sabia muito bem que o Vaticano estava por trás dele".
Ali Agca ficou preso na Itália até 2000, quando recebeu indulto do presidente Carlo Azegli Ciampi. Deportado para a Turquia, foi mantido na prisão, culpado pela morte de um jornalista esquerdista em 1979. Ali Agca pertencia a um grupo de extrema-direita.
Em janeiro deste ano, o turco foi libertado, apesar de a pena só se extinguir em 2017. Ele tem 52 anos.
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