Tenho observado que o processo de avaliação econômica de um determinado ambiente, através de uma visão estritamente holística, ou seja, por uma imagem única do sistema, têm construído resultados com deturpações. Exemplos como; o Brasil está crescendo a 7%. Qual Brasil? Existem diversos brasis em um só, o do norte o do nordeste, do sul, do sudeste, o do centro oeste, etc. Ou mesmo a recente pesquisa da Firjan que identificou Macaé com o melhor nível de desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro. Novamente vem a interrogação, qual Macaé? Do petróleo? Da pesca? Das favelas? Essa linha de raciocínio leva a necessidade de um melhor entendimento dos micros sistemas, representativos dessa unidade maior.
Sinto falta dessa visão nas avaliações sobre o futuro da Região Norte Fluminense. A indústria petrolífera em operação, juntamente com a forte expectativa em ralação ao complexo portuário do Açu, Barra do Furado e, consequentemente, a instalação de um distrito industrial na região, tem potencializado um substancial otimismo quanto a um forte crescimento econômico, com a geração de emprego e renda na região.
Evidente que o volume de investimento em andamento e os futuros, irão transformar a base econômica dessa região. Mas a questão é responder como os atores e agentes econômicos locais regionais poderão se inserir nesse novo momento? Essa preocupação está totalmente ausente das discussões, exatamente, porque não existe planejamento público.
Em São João da Barra está sendo imposto um processo de desapropriação para dar vida a um distrito industrial. É importante responder como os produtores rurais e trabalhadores dessas localidades sobreviverão a um contexto de alta modernização e elevada inflação, sem as condições técnicas necessárias para a sua inserção como colaboradores nessas empresas? Na presente fase de construção, onde não se exige muita qualificação, alguns são alocados. Porém na fase de operação, onde a demanda é por engenheiros e técnicos bem qualificados, onde esses trabalhadores serão alocados?
Os diversos questionamentos exigem um planejamento do ambiente socioeconômico à luz de suas diferenças. Não existe a possibilidade de transformação no curto prazo. O conhecimento, a alta competência e a capacitação profissional levam muitos anos e mesmo assim, as pessoas são diferentes e apresentam características diferentes. Muitos jovens querem mesmo é ser produtores rurais e não técnicos nas empresas. Alguns querem ser comerciantes ou artistas, etc. Essas diferenças são essenciais no processo de planejamento, que deve ser holístico, entretanto com tratamento especifico para cada parte desse sistema, segundo a sua natureza, precariedade e potencialidade.
A idéia é vislumbrar a possibilidade de boa convivência entre os diferentes grupos, segundo o seu próprio perfil. O modelo único de gestão para tal processo é insuficiente, sendo necessário o uso de modelos alternativos de organização produtiva e organização do trabalho. A busca desse equilíbrio evita os problemas oriundos do crescimento econômico com forte exclusão social e crescimento da miséria. Macaé é um bom exemplo de crescimento econômico desequilibrado com restrições sociais perversas.
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