Simplesmente pensando...

A Verdade, a Fé, os Sentidos e a Verdade Flexível.

Somente mais uma simples palavra, mais uma unidade da língua escrita, mas, mais que uma simples palavra a “Verdade” pode assumir outro aspecto no campo da ação. Se observarmos, um pouco melhor o caráter que pode assumir a verdade por determinado ser, nos diversos grupos, na gama das instituições, nas nações..., veremos que a obtenção da verdade para si pode trazer, na prática de sua validação, efeitos diversos e que merecem estudos atentos.
__Para que possamos avançar no pensamento, vejamos algumas definições gerais da palavra “verdade”:
__Segundo o dicionário Aurélio: É a identidade de uma representação com a realidade representada; exatidão, autenticidade: verdade histórica. / O que é certo, verdadeiro: quer saber a verdade. / Princípio certo, constante; axioma: verdade matemática. / Boa-fé; sinceridade: falar com verdade. / Bs-art. Expressão fiel da natureza: retrato de grande verdade;
Segundo o dicionário Houaiss: É a propriedade de estar conforme com os fatos ou a realidade; exatidão, autenticidade, veracidade/ a fidelidade de uma representação em relação ao modelo ou original; exatidão, rigor, precisão/ coisa, fato ou evento real, verdadeiro, certo/ qualquer idéia, proposição, princípio ou julgamento que se aceita como autêntico, digno de fé; axioma, máxima/ procedimento sincero, retidão ou pureza de intenções; boa-fé.
__Em nosso dia-a-dia trabalhamos constantemente com a “verdade”; a “verdade científica”, a “verdade matemática”, a “verdade religiosa”, os conceitos, as definições, os axiomas..., podemos nos sentir mais fortes vivendo na garantia da verdade, alguém pode dizer: “O mundo da verdade é o mundo dos honestos, dos dignos, dos probos”. No entanto, a que verdade nós estamos nos referindo? Podemos tratar a verdade como um fato estanque e acabado em si, seria um fenômeno pleno?
__Para Friedrich Wilhelm Nietzsche (filósofo alemão do final do século XIX - The Stanford Encyclopedia of Philosophy), não se define nem se aceita definições da verdade, pois não teríamos certeza sobre a definição do oposto. Nietzsche dizia que a verdade era um ponto de vista, daí sua composição, "como filosofar com o martelo", que traz as multifacetas da verdade.
__O dicionário Houaiss traz, em uma de suas definições da verdade, como sendo a boa-fé, a sinceridade, mas a boa-fé de uma pessoa ou um grupo de pessoas, garante em si a verdade? Então podemos perguntar: Qual foi o padrão, a base utilizada como modelo para aferir a verdade que se tem em mãos? Poderemos fazer uma pergunta após a outra e sempre perceberemos incertezas nas respostas, o sentimento é que a verdade pode escoar pelos nossos dedos, como um líquido que tentamos aprisionar nas mãos. Seguindo este pensamento, ficaríamos com o sentimento de análise do interlocutor. Se a verdade depende da percepção de alguém sobre a descrição de um determinado fenômeno, poderíamos então avançar na investigação e supor que a verdade depende de determinado ponto vista e para isto o interlocutor utilizaria os seus “sentidos”. Então como poderíamos garantir a infalibilidade dos sentidos humanos, para podermos assegurar o nível de certeza confiável sobre a verdade dita?
__Um dos pensamentos que a palavra verdade pode nos trazer é o sentimento do pleno, do completo e do absoluto. Pensando no absoluto, surge a conexão com a palavra “fé”. Seja por persuasão ou convencimento, chega-se a crença, ao crédito que se deposita, a “fé” que se afirma em determinado fato e fenômeno, chega-se a na “verdade” que determinada pessoa ou grupo de pessoas passam para outras e estas validam esta “verdade absoluta”. Este é um padrão de comportamento usual, principalmente em instituições religiosas onde é necessária a confiança absoluta e a “fé” em determinados dogmas, para que o religioso possa enquadrar-se na devoção própria daquela instituição e, na maioria dos casos, seguido da negação da devoção ou crenças alheias. Neste caso o “portador da verdade”, por necessidade material, de reforço mental interno, ou até uma busca espiritual sincera, aceita os dogmas, por mais insensatos que possam parecer, como uma verdade absoluta.
__Então o que é “verdade” de fato?
__Como vimos, a verdade não estaria fora, mas sim dentro de cada um e ela ganha vida e forma dia após dia, através da captação dos sentidos e da elaborada máquina mental. Neste caso, o mais sensato em qualquer debate filosófico é enquadrar a verdade como se faz, por exemplo, nas convenções dos nomes das coisas e dos objetos. Trata-se de um acerto entre os grupos, ou quem teve determinada idéia do que será uma determinada “verdade”, uma combinação, uma união de pensamentos afins para aquele determinado grupo que, em comum acordo a respeito de determinado fato, aceitam em fim esta determinada “verdade”. Nesta análise, parece-me que a “Verdade Flexível” é a forma mais adequada de resolver este impasse filosófico, devido às limitações da verdade.
__Agora, podemos estender este raciocínio para a “Verdade Flexível Plena”, onde os membros do grupo da “Verdade Flexível” atingem um nível de consciência mais elevado e, de uma forma natural, aceitam e englobam este sub-grupo da “Verdade Flexível” em um grupo mais abrangente. A “Verdade Flexível Plena” deriva de um estado de consciência dito nos Upanisads( literatura filosófica indiana) como uttama (estado elevado de consciência). Embora seja um estado de consciência muito elevado e raro de se alcançar, não é impossível. Todos nós podemos alcançar este estado de elevada purificação, através da prática diária da elevação de pensamentos pela meditação e no foco da vida em Bhakti, em devoção a Deus.

__Pensem sobre isto...

__Purificação:
__“Renuncie à escravidão dos desejos da matéria. Enquanto você não tiver estabelecido seu domínio espiritual sobre o corpo, este será seu inimigo. Lembre-se sempre disto! Não tenha outro desejo senão o de proclamar o nome do Senhor, pensar nEle e cantá-Lo todo o tempo.
__Que alegria!
__Poderá o dinheiro proporcionar-nos tal alegria? Não! Essa alegria vem somente de Deus.” Paramahansa Yogananda, "The Divine Romance".