domingo, 1 de agosto de 2010

Simplesmente pensando...


Procrastinação, Tama-Guna e Atitude

Na filosofia védica que constitui a base sagrada e filosófica do hinduísmo, entre milhares de temas de estudos e práticas, buscamos um interessante tema sobre o comportamento da natureza material e que serve de base para compreender melhor o assunto sobre a procrastinação. Especificamente podemos trazer este estudo a luz do comportamento individual do ser. Este comportamento, qualidade, modo ou atributo são as três Gunas (literalmente cordas), sendo: Sattva (manutenção, bondade, preservação), Rajas (criação, paixão, atividade) e Tamas (destruição, indiferença, letargia). Estas Gunas são as forças e comportamentos da matéria que necessitam estar em equilíbrio para que exista a harmonia. Se observarmos com atenção os pensamentos, veremos que estes atributos básicos estendem-se ao todo, inclusive ao psicológico, a matéria mental.

Assim, para melhor esclarecimento, para termos uma melhor noção sobre estes três modos universais, podemos comparar o ciclo da natureza, o ciclo de crescimento de uma flor, por exemplo: toda a energia que a planta absorveu dos raios solares e a sua captação dos nutrientes da terra, necessários para gerar a sua flor até o momento em que o botão abre, podemos chamar de Raja-guna(atividade), o período em que a flor permanece aberta e bela, chamamos de Sattva-guna(preservação) e o processo de estagnação da flor podemos chamar de Tama-guna(destruição). Assim ocorre com toda a vida e comportamento material, segue este ciclo natural.

Tomemos a palavra procrastinação que é uma palavra ocorrida desde o século XVI, do latim procrastinatus: pro- (à frente) e crastinus (de amanhã), é o adiamento de uma ação, não necessariamente ‘preguiça’, mas uma desmotivação em cumprir o que lhe é de obrigação. É quando, consciente ou não, deixamos de fazer uma ação, cumprir uma tarefa, seja no âmbito do trabalho, nas obrigações e relações sociais, nas atividades domésticas, nos projetos pessoais ou, o pior de todos, na nossa sadhana (prática espiritual diária seja qual for a opção por esta prática). Assim vamos adiando aqui e ali e a ‘bola de neve’ não para de crescer.

Se fosse somente o malefício do não cumprirmos de nossa missão, o problema seria amenizado, pois supondo esta atividade imprescindível, alguém faria por nós, no entanto o problema vai além de deveres por fazer. Quando a procrastinação passa para um estágio crônico, ou seja, quando esta procrastinação atinge o nível da perda total de compromisso com as necessidades internas, isto gera um determinado stress, afetando o psicológico, causando ansiedade, baixa auto-estima e afetando a saúde.

A questão é que ninguém está livre de uma situação de procrastinação que pode surgir por diversos fatores, mas qual atitude nós deveremos tomar para não sermos capturados por esta indesejável situação? A resposta está no equilíbrio. O equilíbrio das forças da natureza. O equilíbrio das três Gunas, nosso compromisso pessoal e intransferível. O estado de procrastinação é o estado desequilibrado das Gunas, onde há a prevalência da Tama-guna, a inação, este processo resulta invariavelmente na doença física, mental e espiritual. Então, é neste ponto que devemos agir na prática diária de atividades que manterão estas forças em equilíbrio, optando por boas conversas, bons relacionamentos, frequentar bons ambientes, ingerir alimentos saudáveis, evitar qualquer tipo de droga (lembrem-se da bebida e do cigarro) mesmo que “socialmente”, praticar diariamente exercícios físicos saudáveis (práticas suaves porém contínuas), boas leituras, práticas meditativas que relaxe e eleve o nosso estado de consciência, buscando sempre assuntos que mais e mais apascentem diariamente a nossa alma.

O segredo da correta atitude são estas boas práticas diárias.

Pense sobre isto...


Prática da presença de Deus

“Qualquer que seja a direção em que se gire uma bússola, seu ponteiro indicará sempre o norte. Assim é o verdadeiro Yogue. Ele pode estar imerso em muitas atividades, mas a sua mente está sempre no Senhor. Seu coração constantemente canta: "Meu Deus, meu Deus, o mais querido de todos!” Paramahansa Yogananda, "O Mestre disse"


2 comentários:

Graciete Santana disse...

Parabenizo o Blog por este espaço "Simplesmente pensando..." que é um convite à reflexão pautada no conhecimento Védico. Isto me remete à lembrança dos meus anos de estudo dos Vedas e Upanichads com também a prática de Yoga. O conhecimento "é" em si mesmo e hoje mesmo com o tempo dedicado à outras lutas o que tenho de acúmulo me acompanha sempre. Obrigada! Graciete Santana

Uenfezado disse...

Valeu Graciete!