Da Ascom/UENF:
O mês de janeiro, em que praticamente não choveu em Campos (RJ), foi o segundo mais seco desde 1920. O volume de chuvas registrado neste mês foi de apenas 2,6 mm, muito abaixo da normal climatológica (média dos últimos 30 anos), que é 140,4 mm. Somente na década de 1950, com a medição de 2,0 mm, houve um janeiro com volume de chuvas inferior ao deste ano.
Se a medição de 2010 for comparada com os registros do mesmo período nos últimos anos, o contraste é ainda maior: foram 485,2 mm em janeiro de 2007, 342 mm em 2008 e 156,8 mm em 2009. As informações são do pesquisador José Carlos Mendonça, do Laboratório de Meteorologia (Lamet) do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) da Uenf.
A estação chuvosa na região se inicia em meados do mês de outubro. Com exceção do mês de novembro - quando choveu apenas 75,2 mm -, os meses de outubro e dezembro registraram volumes próximos da normal climatológica. A última chuva registrada em Campos (19,6 mm) ocorreu em 31 de dezembro, e até esta sexta, 05/02, já são 36 dias consecutivos sem chuvas na região. Desde outubro, o déficit hídrico é de 82,7 mm, diz o pesquisador.
Segundo Mendonça, essa estiagem prolongada se deve à ocorrência de um bloqueio das entradas das frentes frias, que normalmente trazem chuvas para a região.
- Este ano estamos sobre os efeitos do fenômeno El Niño, que normalmente traz muita chuva para o centro sul do País. No entanto, a elevação da temperatura das águas do oceano Atlântico tem deslocado o centro de alta pressão do Atlântico Sul para a costa do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, mantendo a predominância do vento Nordeste, que impede a entrada das frentes frias.
Ainda não há previsão de chuva para Campos. Até domingo, 07/02/10, o sol e o calor continuarão intensos, com temperaturas na faixa dos 35° e poucas nuvens. É possível que chova após o dia 14/02/10, mas até lá a probabilidade de ocorrer chuvas convectivas (chuvas de verão) é pequena. Ainda que chova, será de forma isolada e no final das tardes, prevê o pesquisador.
Segundo Mendonça, o déficit hídrico vem produzindo um grande impacto socioeconômico, afetando a produção agrícola (especialmente a canavieira) e pecuária. A estiagem e a baixa umidade relativa do ar favorecem a ocorrência de queimadas e incêndios e interferem na produção de leite, uma vez que o gado fica sem pastagem.
- O setor canavieiro também terá prejuízos, pois já se observam canaviais perdidos pela seca. Só quem faz uso da técnica da irrigação está conseguindo salvar alguma coisa. As pessoas também ficam bastante indispostas com esse tempo. Elas devem beber muito líquido e evitar circular nas horas mais quentes do dia - conclui.
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