Com o pomposo nome de Complexo Logístico e Industrial Farol/Barra do Furado, a Barra do Furado, que fica entre os municípios de Campos e Quissamã, será palco novamente de uma "grande obra".
A primeira obra, executada durante a Ditadura Militar, jogou no mar toneladas de pedras extraídas da região do maciço do Itaoca (Pedra Negra), com o intuito de criar dois “braços” de pedra para proteger a entrada de pequenas embarcações de pesca. Idéia mirabolante de um falecido deputado federal que coincidentemente era proprietário da pedreira que fornecia a principal matéria prima para a obra.
O benefício tão alardeado na época, que traria proteção, principalmente, para os pescadores do Farol de São Thomé não aconteceu. Os pescadores não transferiram seu terminal para o novo porto na Barra.
Agora, os danos foram muitos. A começar pelo impacto no Itaoca. Depois, pela ação predatória e alteração de cursos d’água no manguezal da Barra. Provavelmente, não foi feito um estudo geológico na região. O projeto inicial de construção dos espigões não foi finalizado (era previsto que um deles tivesse formato de “L”). Constantemente a entrada da barra é assoreada. O mar retirou grande quantidade de areia do lado do Farol e transportou para o lado de Quissamã (basta verificar a distância do mar para o prédio construído para abrigar competições de surf). Poucos barcos fazem uso da barra. A população de pescadores que mora em torno do terminal pesqueiro continua pobre.
Ontem (dia 02/02) li que foi contratada uma empreiteira para realizar a transposição da areia de Quissamã para o lado do Farol (Campos). Essa ação e outras obrinhas vão custar à bagatela (para o ano de 2012, se entendi bem) de R$ 104 milhões (!!), sendo R$54 milhões divididos entre os municípios de Quissamã/Campos e R$50 milhões do governo Federal (acorda Dilma!).
Diferentemente do porto do Açú, na Barra não há um responsável pelo projeto de construção do porto. O que existe, na verdade, é a vontade de dois governos municipais em construir um porto/estaleiro, mas que executam obras pontuais em forma de consorcio.
Qual a garantia que, após a volta da areia de Quissamã para Campos, o problema não persista?
Será que dessa vez fizeram um estudo sério de impactos dessas obras naquela região?
Será que a nossa região precisa mesmo de mais um porto, considerando a grandiosidade do projeto do Açu?
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